Representação da Adoração dos Reis Magos no Livro de Horas de Dom Manuel I, fólio do século XVI. A iluminura apresenta uma notável colecção de moedas de ouro e prata portuguesa e espanhola, para além, claro, do motivo central.
No primeiro plano do quadro principal da iluminura vemos uma guarda de janízaros e de notáveis ricamente vestidos de brocado e guarnecidos de pérolas e, ainda o habitual cão sempre presente, a fazerem escolta aos três Reis Magos, prostrados na adoração que prestam ao Deus Menino e à Sagrada Família, atrás dos quais espreitam a vaca e o burro, presença constantes e secular dos presépios. São José, de capa vermelha, está à ilharga de Maria, de manto anil puro, que segura o menino no colo. Ao fundo, à esquerda do observador e por detrás das colunas, uma monumental caravana de elefantes, camelos e cavalos, reminiscência da celebérrima embaixada que o Rei Venturoso mandou ao papa, corria o ano de 1514. Dos motivos arquitectónicos que compõem a cena, destaque para as duas gigantescas colunas do pórfiro e o edifício em ruínas, que simboliza a Casa de David.
A tarja que serve de cercadura mostra uma esplendorosa constelação de moedas de ouro e prata, pérolas e pedras preciosas. Na orla do lado esquerdo observamos, em reverso e anverso, três moedas espanholas do reinado dos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, cujas efígies régias representadas nestas “doblas de ouro” estão voltadas um para o outro. Logo abaixo, temos cinco meios-vinténs manuelinos, em prata, de quinas redondas e cruz floreada diminuta. As moedas seguintes, um conjunto de quatro cruzados portugueses com a particular irregularidade de ainda apresentarem a flor-de-lis de Dom João I e os escudetes laterais contrários à reforma imposta pelo Rei Dom João II, em 1485. O grupo das três moedas seguintes é formado por dois vinténs de prata e um de ouro de Dom João III.
Já na tarja de pé-de-página, o primeiro conjunto representa cinco moedas portuguesas, no caso o meio-tostão de Dom João III e do tostão de prata de Dom Manuel I, em primeiro plano, com a Cruz de Cristo e a inscrição IN HOC SIGNO VINCES. No meio, novo conjunto de cinco moedas de ouro, os célebres “portugueses” do reinado de Dom João III, cunhados em Novembro de 1538 a pedido das Cortes Gerais de Torres Novas, com a Cruz de Cristo e a mesma legenda IN HOC SIGNO VINCES. A tarja inferior termina com três moedas, o meio-tostão de prata de Dom João III com a Cruz de S. Jorge e o “espadim” de ouro de Dom Afonso V.
A orla lateral direita, apresenta ao alto o “ceitil” de ouro com o escudo sem coroa real, e, por ordem descendente, sempre dois exemplares do vintém de prata de Dom João II, da moeda espanhola com a efígie do rei Fernando, do vintém de prata de Dom Manuel I, do vintém de ouro de Dom João III e, por fim, três exemplares duma moeda de ouro ainda com a Cruz de Avis e a forma amendoada do escudo, que parece ser o “real de dez soldos” de Dom João I, identificação muito controversa.
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