A anfisbena, que advém do grego amphisbaina e do latim amphisbaena, com o sentido de «serpente que anda nos dois sentidos», era uma cobra fabulosa e monstruosa representada na heráldica e iluminura com uma cabeça em cada extremidade, uma no lugar apropriado e outra no sítio da cauda. Devido a essa particularidade bicéfala, podia andar em qualquer das direcções, para a frente e às arrecuas. Gozava, também da fama de guardião da guarda dos tesouros dos antigos deuses gregos e, por causa da bicefalia, derramava o dobro do veneno em relação a qualquer outro ofídio.
A acreditar no Santo Isidoro de Sevilha (Etimologias, Livro 12), «os seus olhos brilham como lâmpadas», para além do condão único de poder sair durante o frio e enfrentar as temperaturas mais baixas. Não conheço o seu uso na heráldica portuguesa e na vizinha Espanha tão-somente me lembro das armas outorgadas pelo rei João Carlos I ao 1.º Duque de Fernández-Miranda, em 1977, onde, numa das partições, em campo de vermelho, cinco donzelas postas em aspas e carregadas, cada uma delas, de uma vieira de ouro, estão cercadas por duas serpentes anfisbenas de verde e coroadas.
Já agora, estando a mão de semear e por causa das cobras, convém lembrar que o primeiro timbre usado pelos reis de Portugal, em especial por Dom Fernando I e D. João I, foi a serpe alada de S. Miguel Arcanjo, a anfístera, aquele num conto de contar e este no fecho de abóbora do Claustro dos Reis e da Capela do Fundador, no Mosteiro da Batalha. Timbre que seria depois mudado para um dragão de S. Jorge pelo Mestre de Avis. Mas não se confunda a anfístera – serpente alada – com a anfisbena – cobra de duas cabeças.
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