A arte de iluminar (pintar). Miniatura a cores dos antigos manuscritos: «A letra era um verdadeiro primor caligráfico; e a iluminura tarjava os livros e adonairava as iniciais dos capítulos... com magníficas miniaturas», Arnaldo Gama, A Última Dona de S. Nicolau, cap. 3, p. 39.
A iluminura, considerada em Diplomática como sinal e um dos meios de validação e autenticidade dos códices e documentos, é também um dos mais interessantes capítulos da história da Arte, confundindo-se na sua origem com a escrita para vir, finalmente, a identificar-se com a Pintura.
O costume de fazer executar nos códices e manuscritos uma parte decorativa e iluminada, partindo, principalmente, das letras iniciais, tal como se praticou na Idade Média, vem já da mais remota antiguidade, admitindo muitos autores que esta prática era já conhecida e usada no Egipto faraónico, onde esta arte teve como principal centro de maior importância e perfeito desenvolvimento a cidade de Alexandria.
Dali irradiou esta arte, a convite do imperador Constantino, para Bizâncio, passando desta cidade para a Grécia e Roma o gosto dos livros e manuscritos ornamentados com desenhos e pinturas.
Há, porém, alguns autores que afirmam, sem excluir, é certo, a influência da arte bizantina servilmente devota e ligada a certos cânones religiosos que a nova arte medieval do ornato e a miniatura teve uma origem setentrional, bárbara e monástica, pertencendo à Irlanda a glória de a haver iniciado e propagado.
Nesta ilha a caligrafia no séc. VI estava ainda embrionária e a ornamentação de manuscritos dava apenas os primeiros passos, citando-se como prova desta afirmação o Book of Kells, principal monumento da arte rude e fantástica, mas acentuadamente característica dos anglo-saxões.
A fundação dos mosteiros de S. Callo e S. Colombano, em França e na Alemanha, em Svizzera, na Itália, contribuem para propagar esta arte no continente europeu. A cultura carolíngia e o desenvolvimento que sob o seu notável impulso teve a caligrafia veio depois juntar-se à influência bárbara e bizantina, que se reflectiu principalmente no célebre mosteiro do Monte Cassino.
O nome de miniaturista, de miniator, minium, ou seja a aplicação da cor vermelha a certas partes do manuscrito ou do livro, foi totalmente desconhecido na Idade Média, período em que o ilustrador dos códices e manuscritos é designado pelo nome de illuminator.
A designação de miniaturista afirmam alguns autores não ser anterior ao último quartel do séc. XVI; todavia, na opinião do professor italiano Cesare Paoli, já em 1247 o cronista Salimbene dizia, a respeito do frade Enrico de Pisa, o seguinte: «sciebat scribere, miniare, quod aliqui illuminare dicunt, pro eo quod ex minio literi illuminantur»; em Dante, no Purgatório, XI, 79-84, cita um passo saudando Oderisi Dagublio, que diz: «onor di quell'arte, che aIluminare chiamata é in Parisin».
Se é certo ter havido na Antiguidade livros ornamentados com pinturas, como nos provam, além de outros testemunhos, os códices a llíada ambrosiana e o Virgílio do Vaticano, estas pinturas, servindo de ilustração ao texto, não têm relação técnica alguma com a pintura material da escrita do códice.
A miniatura dos códices como complemento da escrita é uma arte propriamente medieval, que nasce da humilde origem do ornato da letra inicial e do título e percorre depois, até o séc. XVI, um esplêndido e glorioso caminho. Na história da iluminura tem-se considerado duas grandes fases: a primeira, designada por «hierática»; a segunda por «naturalista».
Na primeira fase é manifesta e quase exclusiva a influência da Igreja; o pintor, sobre velino, trabalha para o clero e é ele próprio, ordinariamente, um monge; daí o assunto predilecto das suas iluminuras: cenas bíblicas, passos da paixão de Cristo, episódios da vida dos santos; tudo manifestações, enfim, do misticismo medieval cheio de fé e de crença, mas profundamente ingénuo.
Nesta fase da história da iluminura predomina o símbolo; tudo, com efeito, é simbólico, desde os objectos pintados até à cor com que se pintam, por exemplo: um peixe representa um cristão baptizado; uma mulher recolhendo num cálice o sangue que sai da ferida do crucificado, a Igreja recebendo o fruto da paixão de Cristo. (Lecoy de La Marche, Les Manuscrils et La Miniature; Pedro A. de Azevedo e António Baião, O Archivo Nacional da Torre do Tombo).
Fonte: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Lisboa, Editorial Enciclopédia, Limitada, volume XIII, pp. 522-525,
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